O maior evento de jogos de inverno aconteceu este ano na Coréia do Sul, na cidade de Pyeongchang, sem maiores escândalos. A competição esteve nos noticiários durante duas semanas e trouxes repercussões não apenas na neve, mas também no campo político, como um dos objetivos principais dos jogos foi a bem sucedida aproximação das das duas coréias, separadas por décadas, desde o fim da segunda grande guerra, com o norte sob o comando ditatorial comunista e a parte sul da península alinhada com princípios democráticos liberais.
No entanto a participação portuguesa não passou despercebida durante a competição, Portugal apesar de não ser um país conhecido por ter muita neve, conseguiu enviar seus representantes para esta importante celebração mundial. A pequena delegação portuguesa representou não apenas a nação lusitana, como a diversidade do povo Português, que se espalhou pelos quatro cantos do planeta.
Um dos nossos representantes, Kequyen Lam obteve cidadania portuguesa em 2006, Lam tem pais descendentes de chineses que fugiram do Vietnã, durante a guerra sino-vietnamita, a família conseguiu refugiar-se na província de Macau, território autônomo Chinês. A história de luta e superação da família de Lam foi coroada com a participação do jovem nos jogos de inverno defendendo a bandeira portuguesa, na modalidade do cross-country, uma emocionante corrida na neve, que fez o povo português vibrar na frente da televisão.
Outro representante da nossa delegação, que representa nossa diversidade é o descendente de emigrantes portugueses, que se estabeleceram na França, Arthur Hanse nasceu em Paris, porém reside em Lyon, o atleta competiu na modalidade do slalom e terminou a competição de esqui alpino na posição de número 38 no ranking.
Mais do que competirem e representarem nossa nação nos jogos de Pyeongchang, esses atletas querem dar os primeiros passos para as gerações futuras, criar novos sonhos para os jovens portugueses, estar nas olimpíadas de inverno é mais do competir é mostrar o seu país para o mundo e com isso contagiar nossos jovens com o espírito olímpico e mostrar que nenhum sonho é impossível.
Apesar do território português não abrigar grandes nevascas durante seus invernos amenos, a garra de nossos dois atletas mostrou que é possível sim alcançar qualquer sonho, mesmo os que parecem mais distantes, o importante é ter garra, força e fé. Claro que o incentivo de família e amigos faz toda a diferença nesses momentos e certamente nosso governo deve pensar num modo de incentivar o sonhos dos nossos jovens que desejam correr nas neves, seja em qual parte do mundo ou da Europa que seja. Um estímulo ao desporto de inverno pode ser essencial para mudar nossa história nas olimpíadas do frio.
São estas histórias que inspiram a todos, não apenas na prática do desporto, mas em nossas vidas como um todo, usando esse exemplo de vontade para realizarmos até nossas tarefas mais ordinárias no dia a dia, o importante é sempre manter o foco no que mais desejamos, seja a conquista das neves ou da nossa vida. Parabéns aos nossos campeões que nos fazem ganhar mais do que medalhas, mas a vida.